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Ônibus 174 (2002)

  • Foto do escritor: Damaris Andrade
    Damaris Andrade
  • 7 de dez. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 11 de dez. de 2021


O premiado documentário “Ônibus 174”, 2002, dirigido por José Padilha, relata o sequestro ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Uma tentativa de roubo que deu errado acabou tomando uma proporção maior do que se imaginava.


De modo expositivo, o documentário conta a história de Sandro Barbosa do Nascimento e sua trajetória até o sequestro acontecido no dia 12 de junho de 2000. Aos 8 anos, Sandro presenciou o assassinato da sua mãe, tempos depois foi viver na rua, e em 1993 sobreviveu a Chacina da Candelária. De alguma forma, o destino de Sandro sempre se cruzava com os dos policiais cariocas.


A realidade das ruas e a vida na prisão são mostradas e documentadas através de entrevistas e filmagens, relatando o trauma causado não só na vida de Sandro, mas de milhares de jovens do Rio de Janeiro. Estes são vítimas da invisibilidade social e reféns do descaso do Estado e da falta de políticas públicas para os que vivem à margem da sociedade.


As tragédias que cercaram a vida de Sandro, mostradas por meio do modo performático, nos aproxima da sua situação, causando um impacto não só social, mas emocional. O abandono do Estado o levou a uma exclusão social, onde o crime era vista como a única opção para sobreviver.


Sandro é mostrado como uma vítima do racismo institucionalizado, de uma entidade despreparada, onde a desumanidade se torna uma característica daqueles que, por falta de escolhas, decidiram ser policiais militares.


No decorrer da obra, nota-se também o modo observativo, o qual o cotidiano mostrado nos leva a entender a humanização de Sandro e a incompetência dos policiais envolvidos no caso. Horas de tensão marcaram uma trajetória do herói distorcida, onde um erro policial causa a morte de uma das vítimas, mas o espetáculo ainda termina com a morte do suposto vilão pelas mãos da polícia.


Padilha faz do seu documentário uma ferramenta para levar o espectador a refletir sobre a situação de Sandro e daquela parcela invisível da população definida pelos estigmas, causando um misto de sentimentos como revolta, fúria e também compaixão por uma pessoa que, por descaso do Estado, achou no crime um mecanismo de defesa.


Conclui-se que, ainda hoje, há um enorme despreparo não só da polícia carioca, mas como dos policiais de todo o Brasil. Seus focos não estão na proteção da sociedade e suas miras são a população negra de baixa renda, que se tornaram marginalizada pelo total abandono do Estado.


De acordo com o levantamento do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia matou três vezes mais negros que brancos entre os anos de 2015 e 2016, e em sua maioria, jovens. A invisibilidade social que Sandro viveu até a sua morte ainda é a realidade de muitos brasileiros no momento atual. Cabe, então, à sociedade cobrar das autoridades para que atitudes certeiras sejam tomadas com urgência.


Ficha Técnica

Ônibus 174 (Brasil, 2002)

Direção: José Padilha

Duração: 150 min.

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