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Arrival (2016)

  • Foto do escritor: Damaris Andrade
    Damaris Andrade
  • 11 de dez. de 2021
  • 4 min de leitura

Se com Prisoners e Sicario Denis Villeneuve chamou a atenção do grande público, foi com Arrival que ele se firmou de vez em Hollywood. O filme lançado em novembro de 2016 conta a história de Dra. Louise Banks, brilhantemente interpretada por Amy Adams, e os mistérios que ela irá lidar quando seres interplanetários chegam à Terra.


O filme é baseado no conto Story of Your Life (tradução: História da Sua Vida), de Ted Chiang. Nele, o autor mistura o passado, presente e o futuro para contar de forma não linear a vida da Dra. Louise Banks.


O sucesso dos três principais longas de Denis Villenueve fez com que o franco canadense fosse o escolhido para dirigir a tão esperada sequência de Blade Runner. O filme contou com a volta de Harrison Ford e nomes como o Ryan Gosling, Ana de Armas e o vencedor do Oscar Jared Leto.


Blade Runner 2049 pode não ter tido o sucesso esperado pelo estúdio, mas Denis Villenueve foi aclamado pelo trabalho feito no filme. E em dezembro de 2020, o franco canadense voltará às grandes telas com a adaptação do romance de Frank Herbert, o sci-fi Dune. Além disso, o diretor será o responsável por reviver a obra Cleopatra, com o roterista David Scarpa.


Em Arrival, seres interplanetários descem à Terra em naves espalhadas em doze locais diferentes. O exército dos Estados Unidos recutra Dra. Louise Banks, uma especialista em linguística, e o físico Ian Donelly, interpretado por Jeremy Renner, para desvendar quem são os visitantes e como nos comunicar com eles.


Para quem gosta de filmes como Interstellar, Arrival é ideal. O enredo consegue te prender, e você ainda encontra os aspectos não lineares vistos no conto de Ted Chiang. A cinematografia do longa consegue ser simples e de tirar o fôlego ao mesmo tempo.


Entretanto, quem realmente brilha em Arrival é Amy Adams. A atriz americana consegue mostrar com poucas palavras e expressões faciais o quão quebrada a sua personagem está, por causa de perdas vividas antes da chegada dos visitantes.


Amy, que já foi indicada ao Oscar por seis vezes, foi completamente ignorada na edição de 2017. Caso fosse nomeada por Arrival, com certeza tiraria a estatueta das mãos de Emma Stone, que ganhou pelo decepcionante, cansativo e desinteressante La La Land.


O fato de que Amy Adams foi esnobada na 89ª edição do Oscar chega a ser criminoso, principalmente porque Arrival é talvez a sua melhor performance nos últimos dez anos. Além disso, a americana já foi indicada por filmes e atuações não tão impressionantes quanto a da Dra. Louise Bank, como no insignificante American Hustle, de 2013, e Vice, de 2019.


Outro brilhante aspecto em que Arrival acertou foi mostrar os dois alieníginas presentes na nave que caiu em solo americano. Chamados de “heptapods”, por conterem sete pernas, Donnelly e Dra. Banks os nomeiam de Abbott e Costello, em homenagem à dupla de comediantes americanos Bud Abbott e Lou Costello, que fizeram sucesso na televisão entre os anos 40 e 50.


As duas criaturas, ao mesmo tempo em que amedrontam por serem alienígenas e pelo tamanho, conseguem mostrar uma certa delicadeza, principalmente ao lidarem com Dra. Banks. A linguista tenta se comunicar com Abbott e Costello, e talvez esse seja o aspecto mais bonito do filme.


Vivemos, atualmente, em um mundo em que temos acesso à diversas línguas, símbolos, cores, formas. Mas mesmo assim, encontramos muita dificuldade em nos comunicar. Enquanto Dra. Banks trabalha com a paciência para entender o recado que os visitantes querem nos passar, o Coronel G. T. Weber, interpretado por Forest Whitaker age com ignorância e pensa em declarar guerra aos alienígenas.


E é assim que muitas vezes o ser humano é visto, como alguém impaciente, ignorante. Perdemos a paciência de tentar entender o próximo, perdemos a habilidade de nos comunicar com o desconhecido. E é aí que deixamos a intolerância e a rispidez falar mais alto.


Talvez a cena mais marcante de Arrival é quando a Dra. Banks decide ultrapassar a sua barreira do medo e colocar a mão na tela transparente que a separa das criaturas. Ao perceber suavidade da linguista, um dos seres interplanetários também coloca um de seus membros na tela, como um símbolo de paz.


Arrival é uma obra espetacular, e, assim como a performance de Amy Adams, é um dos melhores filmes lançados nos últimos anos. Na 89ª edição do Oscar, foi indicado para Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Cinematografia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor edição de Som, vencendo este último. Isso prova que para um filme ser considerado atemporal e brilhante, ele não precisa ser totalmente reconhecido nas premiações.


E é exatamente isso que Arrival é: atemporal, brilhante, e necessário para todo amante de cinema. Um filme que faz refletir, que arrepia, que emociona. Mesmo sendo uma obra filosófica, a dinâmica reviravolta o prende até o fim.


Com isso, podemos guardar o nome de Denis Villenueve e acompanhar as obras que estão por vir do diretor. E foi com Arrival que o franco canadense chegou para ficar e estabelecer o seu lugar na história.


Ficha Técnica

Arrival (Estados Unidos, 2016)

Direção: Denis Villenueve

Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Mark O'Brien

Duração: 116 min.

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